Estava aqui nas minhas pesquisas sobre Aprendizagem e resolvi listar pra você algumas pessoas especiais que me inspiram bastante, quando o tema é… Aprender a Aprender!
Com eles (e com vários que posso mencionar em outros artigos), eu aprendo a construir novas arquiteturas em jornadas de idiomas na @companhiadeidiomas. Aprendo também a criar jornadas de atualização para professores, e a mentorar empreendedores que têm escolas de idiomas pelo Brasil, na @verbify.oficial. Mas, no fundo, aprendo mais sobre meus processos: como eu aprendo, porque não aprendo às vezes, o que me motiva, e como me tornar uma aprendiz pela vida – e com a vida.
Pra gente começar a conhecer estas pessoas (e pra você já ir seguindo no Instagram…), quero que você leia uma frase do Conrado Schlochauer (@conradoschlochauer), autor do livro Lifelong Learners, porque ela mudou meu conceito sobre o que é aprender:
“Aprender é explicitar o conhecimento, por meio de uma performance melhorada, ou mudando sua visão de mundo. Não é colocar conhecimento pra dentro, é colocar conhecimento pra fora”
Quantas pessoas acham que aprender é colocar conhecimento pra dentro, né? A gente só pode dizer que aprendeu quando aplicar, e cada um aplica do seu jeito. Se é um idioma novo, a gente acessa conteúdos, faz atividades, joguinhos, ouve gente falando e tenta entender, aprende palavras. Tudo certo.
Mas o que podemos chamar de “aplicar” de verdade, quando estamos aprendendo um idioma? Quais são as ações mais potentes?
escrever e enviar pra pessoas diferentes
Todo dia alguma coisa que tem valor pra você (seu diário, sinopse do episódio da sua série favorita, como foi seu dia, perguntas que você quer fazer pra alguém etc). Mesmo que essa pessoa não corrija seu texto, o importante aqui é você mostrar sua produção pras pessoas, mesmo sabendo que não está perfeita. Isso aqui, que eu grifei, é fundamental para você aprender qualquer coisa.
Falar
Falar qualquer coisa e com qualquer pessoa – com sua líder que é fluente, com seu par que começou a aprender agora, com sua cunhada que sabe tanto quanto você – não importa. Com cada uma, você vai sentir uma coisa diferente – e isso é treino, acredite.
“Adorei. Mas o problema é que eu não sou disciplinado”
O fato é que as pessoas até começam, mas não mantêm a regularidade. Não só para aprender inglês – isso vale pra atividade física, comer comidinha caseira, ficar menos tempo no celular e tanta coisa que a gente QUER MUITO fazer, mas não consegue segurar o dia a dia.
A socióloga Helena Singer diz que:
“A disciplina pode ser de dois tipos: a da orquestra e a do exército. Normalmente a disciplina das escolas e das famílias é deste segundo tipo, o que leva ao ódio. A disciplina da orquestra caracteriza-se por conjugar todos num mesmo espírito, e por permitir que cada um se desenvolva ao máximo. Já a disciplina do quartel precisa lidar com escravos, incapazes de apreciar a liberdade, inferiores, masoquistas”
Nem toda família ou escola é como a Helena Singer descreve nesta fala, mas a gente entende as relações de poder, e o quanto associamos APRENDER a se inscrever em um curso, ter professor, acessar conteúdo, fazer avaliações.
O genial Alex Bretas (@alexbretas11), com quem aprendo todos os dias, diz:
“E, se eu me acostumei a ser governado o tempo todo, como é que eu vou desenvolver soberania sobre mim mesmo? Como é que eu vou construir autodisciplina na aprendizagem se o espaço que moldou boa parte das minhas crenças educacionais promove a disciplina do outro sobre mim? Precisamos quebrar esse ciclo e começar a entender a disciplina de uma outra forma. É aí que entra a ideia de autodisciplina. Autodisciplina é quando você faz as pazes com o seu poder interno de persistir, perdurar, insistir, ir até o final (ou pelo menos até onde faz sentido ir), construir pouco a pouco, caminhar com consistência”
É seu querer, sua escolha, sua jornada, sua vida, seu presente e seu futuro.
Olhando assim, não faz sentido muitas perguntas que ouço de alunos:
“É tarefa obrigatória?”
“Vai valer nota?”
“Qual a nota mínima pra passar pro estágio seguinte?”
“Em quantas aulas eu posso faltar, sem perder a bolsa da empresa?”
Repetindo: É seu querer, sua escolha, sua jornada, sua vida, seu presente e seu futuro.
De repente esse nosso comportamento tem a ver com uma crença que temos sobre nós mesmos. E eu me incluo, porque eu acho que todos nós temos isso pra uma coisa ou outra que queremos, mas não damos os passos.
Olha o que diz o James Clear (@jamesclear), autor do livro Atomic Habits:
“Muitas pessoas passam pela vida em um torpor cognitivo, seguindo cegamente as normas associadas à sua identidade. ‘Não tenho boa orientação espacial’, ‘não sou uma pessoa diurna’, ‘sou péssimo em lembrar o nome das pessoas’, ‘estou sempre atrasado’, ‘não sou bom com tecnologia’, ‘sou horrível em matemática’ e outras mil variações. Quando você repete a mesma história para si mesmo há anos, é fácil deslizar para essas “calhas” mentais e aceitá-las como fatos. Com o tempo, você começa a resistir a certas ações porque “isso não é quem eu sou”. Existe uma pressão interna para manter sua autoimagem e se comportar de uma maneira consistente com suas crenças. Você encontra uma maneira de evitar se contradizer”
É hora de virarmos este jogo, né?
Se você foi criado em um ambiente mais pra exército do que pra orquestra, escolha sua música, encontre seus parceiros, e crie sua orquestra, pra treinar e se divertir juntos, enquanto aprendem.
Se você consome cursos, mas não tem coragem de se jogar no mundo, expondo o que sabe, principalmente quando ainda sabe pouco, é hora de aprender do jeito que o Conrado nos ensina: colocando pra fora (do jeito que sair, é melhor do que não colocar)
Se você se tortura por não ter disciplina, convido você a parar de reforçar a calha mental mencionada pelo James Clear, e criar novas conexões neurais, novos hábitos e crenças, novas calhas que levam você onde você quer hoje
E, se nesta jornada, você se perder, acolha isso aí, não se torture nem paralise, não fique meses pra voltar. No dia seguinte, retome o caminho que você combinou com você mesmo, e dê mais alguns passos. E se precisar de ajuda extra, manda uma DM no Instagram: rosefsouza_ e acompanhe os conteúdos da @verbify.oficial.
Escrito por Rose Souza para a revista Exame.
Sobre Rose Souza
Fundadora e sócia-diretora da @companhiadeidiomas e da @verbify.oficial. Paulistana, empreendedora, professora e mentora. Hoje mora em Canela/RS, administra suas empresas com seus times pelo Brasil, e pesquisa temas como Arquiteturas de Aprendizagem, Aprendizagem Ágil, Metodologias Ativas e Gestão. Graduada em Letras/Tradução/Interpretação pela Unibero, Especialista em Gestão Empresarial, MBA pela FGV e PÓSMBA pela FIA/FEA. Master of Learning -MoL. Foi professora por seis anos na Pós-Graduação ADM da FGV, quando morava em São Paulo. Colunista dos portais Exame.com, Aboutme e Você RH. Mentora voluntária do Projeto Impúlsar da NTT DATA.
Quer falar com ela? rose@companhiadeidiomas.com.br ou instagram @rosefsouza_